Shekuita o el mal trueno: documental performativo, conflictos ontológicos y descolonización de lo real

Abstract

RESUMEN: Este artículo analiza las implicaciones ontológicas y el carácter performativo del documental Shekuita o el mal trueno, lanzado en 2017 por un colectivo de producción audiovisual indígena wiwa en la Sierra Nevada de Santa Marta en Colombia. El documental explora las causas, dudas y consecuencias de un triste incidente ocurrido tres años antes: la caída de un rayo sobre una edificación ceremonial de los wiwas, que causó la muerte a casi una docena de líderes. A partir del contraste entre las explicaciones científicas de la tragedia y las que han investigado las autoridades espirituales de la comunidad desde sus ontologías relacionales, y basándonos en un trabajo de campo cuasietnográfico durante el proceso de filmación, buscamos dar cuenta de un caso específico de descolonización de lo real y de los esfuerzos de una comunidad indígena por la libre expresión y la representación autónoma. Encontramos que este documental abre puertas de forma artística a mundos otros, contados en clave insumisa desde una indigenidad que nos interpela. Concluimos que los wiwas performan un realidad que no necesariamente es la que vivieron, sino una que les permite estratégicamente alcanzar más fácilmente la realidad que quieren recuperar. El artículo intenta contribuir a la visibilización de otras ontologías distintas de la naturalista, a mostrar las autocríticas de esta y a manifestar cómo el audiovisual es un espacio propicio para descolonizar lo real.

ABSTRACT: This paper analyzes the ontological implications and the performative nature of the documentary Shekuita o el mal trueno, released in 2017 by a Wiwa indigenous audiovisual production group in Sierra Nevada de Santa Marta, Colombia. The documentary explores the causes, doubts and consequences of a sad incident that happened three years earlier: a lightning strike on a Wiwas ceremonial building, which killed nearly a dozen leaders. Based on the contrast between the scientific explanations of the tragedy and those that the spiritual authorities of the community have investigated according to their relational ontologies and based on a quasi-ethnographic fieldwork during the filming process, we seek to account for a specific case of decolonization of reality and of the efforts of an indigenous community for free expression and autonomous representation. We find that this documentary opens doors to other worlds in an artistic way, told in an unsubmissive way by an indigenous community that challenges us. We conclude that the Wiwa perform a reality that is not necessarily the one they lived through, but one that strategically allows them to reach the reality they want to recover more easily. The paper attempts to contribute to the visibility of other ontologies other than the naturalistic one, to show self-criticism of it and to show how the audiovisual is a propitious space to decolonize reality.

RESUMO: Este artigo analisa as implicações ontológicas e a natureza performática do documentário Shekuita o el mal trueno, lançado em 2017 por um coletivo de produção audiovisual indígena wiwa na Sierra Nevada de Santa Marta, na Colômbia. O documentário explora as causas, dúvidas e consequências de um triste incidente ocorrido três anos antes: um raio que atingiu um prédio cerimonial de wiwas e matou quase uma dúzia de líderes. Com base no contraste entre as explicações científicas da tragédia e aquelas que as autoridades espirituais da comunidade investigaram a partir de suas ontologias relacionais, e a partir de um trabalho de campo quase etnográfico durante o processo de filmagem, buscamos dar conta de um caso específico de descolonização do real e os esforços de uma comunidade indígena pela liberdade de expressão e representação autônoma. Verificamos que este documentário abre portas de forma artística a outros mundos, contados em tom rebelde de uma indigência que nos desafia. Concluímos que os wiwas desempenham uma realidade que não é necessariamente a que viveram, mas que lhes permite alcançar estrategicamente com mais facilidade a realidade que pretendem recuperar. O artigo procura contribuir para a visibilidade de outras ontologias que não a naturalística, mostrar sua autocrítica e mostrar como o audiovisual é um espaço propício para descolonizar o real.